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Pomadas para cabelo: veja os riscos no uso de produtos ilegais

Por MT Giro em 31/12/2023 às 17:30:01

Quando chegam as festas de fim de ano, muita gente investe na aparĂȘncia. Roupas novas, acessórios, cosméticos e outros itens de beleza. Até aĂ­, nenhuma novidade, não fosse a preocupação cada vez maior com o uso das pomadas para modelar ou fixar o cabelo. Ao longo de 2023, foram diversos relatos de lesões nos olhos causadas por produtos do tipo. O caso mais recente, no Rio de Janeiro, foi registrado logo depois do Natal. No dia 26, o Hospital Municipal Souza Aguiar teve 163 atendimentos de emergĂȘncia: 81 deles por causa da pomada.

Por isso, existe o receio de que esses nĂșmeros sejam parecidos ou maiores no dia 31, durante as celebrações do Réveillon. A Anvisa emitiu um alerta na terça-feira (26) sobre os problemas de saĂșde que podem ser causados pela aplicação incorreta de cosméticos ou pelo uso de produtos sem selo de qualificação. A Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO) também estĂĄ atenta para o aumento de incidentes que prejudicam a saĂșde dos olhos.

"Essas pomadas irregulares tĂȘm substâncias quĂ­micas, que ao entrarem em contato com os olhos, causam uma lesão na córnea, aquela primeira membrana transparente na parte frontal do olho. Geralmente isso acontece quando a pessoa usa a pomada em dia de chuva, vai tomar banho ou entrar na piscina. Os problemas vão desde irritação nos olhos, conjuntivite, até perda temporĂĄria da visão", explica o diretor da SBO, Rodrigo Pegado.

Os principais sintomas relatados pelos pacientes são coceira nos olhos, vermelhidão, irritação, ardĂȘncia e inchaço. Nos casos mais graves, a visão vai ficando turva, até chegar ao ponto em que não é possĂ­vel enxergar nada. A principal orientação dos especialistas é: não use nenhum tipo de pomada de origem desconhecida. Verifique se ela tem registro no site da Anvisa. Mesmo que ela seja regular, é importante saber manusear e, na maioria dos casos, o ideal é que seja aplicada por um profissional.

Em caso de contaminação nos olhos pelo produto, é preciso agir rĂĄpido para evitar problemas maiores.

"A orientação da Sociedade Brasileira de Oftalmologia é que quando essas substâncias quĂ­micas entram em contato com os olhos, deve-se fazer imediatamente uma lavagem abundante com ĂĄgua, de preferĂȘncia filtrada. E procurar o mais rĂĄpido possĂ­vel um especialista para saber a extensão do problema. A perda de visão pode ser definitiva se a pessoa não tiver acesso ao oftalmologista e ao tratamento adequado", afirma Rodrigo Pegado.

O atendimento médico consiste em identificar o tipo e a gravidade da lesão, analisar o histórico de saĂșde do paciente e que tipo de produto foi aplicado no cabelo. A partir disso, notificar a Anvisa sobre o incidente e o nome do cosmético usado. O tratamento da ĂĄrea lesionada passa pelo uso de medicamentos próprios, como colĂ­rios, e pode durar até 15 dias.

Novas pomadas canceladas

Uma resolução da Anvisa divulgada essa semana cancelou 1.266 pomadas para fixar ou modelar cabelos. A medida faz parte das ações para garantir produtos seguros e tem vigĂȘncia imediata: não podem mais ser comercializadas. Antes disso, 1.741 pomadas jĂĄ tinham sido canceladas. Segundo a agĂȘncia, esta resolução não estĂĄ diretamente relacionada aos eventos recentes de irritação ocular e fazem parte de ações contĂ­nuas de avaliação.

Para uma pomada capilar ser regularizada precisa atender a algumas condições, como ter a forma fĂ­sica declarada "pomada", incluir o termo "pomada" no nome ou na rotulagem, em qualquer idioma, e ter formulação com 20% ou mais de ĂĄlcoois etoxilados, incluindo Ceteareth-20. A fabricação ou comercialização de produtos cancelados e não autorizados é considerada infração sanitĂĄria e estĂĄ sujeita a penalidades, conforme a Lei 6.437/1977.

Histórico

Em janeiro desse ano, os casos de contaminação pelo uso de pomadas de cabelo se multiplicaram. No mĂȘs seguinte, a instituição proibiu a venda e a circulação de todos os produtos do tipo em território nacional. No fim de março, a agĂȘncia voltou a permitir a comercialização das pomadas, com restrições sobre as marcas que não ofereciam riscos aos consumidores.

Sobre o caso mais recente no Rio de Janeiro, a Anvisa emitiu a seguinte nota:

"A AgĂȘncia estĂĄ atuando de forma conjunta com os órgãos de saĂșde locais do estado do Rio de Janeiro para compreender a natureza e a extensão do problema. O objetivo é adotar todas as medidas cabĂ­veis visando a proteção da saĂșde pĂșblica e a rĂĄpida resposta diante dos riscos identificados.

Nesse contexto, a Anvisa reforça que apenas os produtos presentes na Lista de Pomadas Autorizadas podem ser fabricados e comercializados, nos termos do art. 9Âș da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 814/2023. A não observância da norma configura infração sanitĂĄria, sujeita às penalidades da Lei 6.437/1977. A RE 3.566/2023 proĂ­be todos os produtos que não estejam na Lista de Pomadas Autorizadas".

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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