Instituto Nacional do Câncer alerta deputados sobre riscos da legalização dos cigarros eletrônicos

Por MT Giro em 06/05/2025 às 18:15:22

O representante do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Felipe Lacerda Mendes, alertou a deputados nesta quarta-feira (6) para os riscos do avanço no Congresso de propostas que legalizam o comércio de cigarros eletrônicos no PaĂ­s. Ele participou de debate sobre o tema na Comissão de PrevidĂȘncia, AssistĂȘncia Social, Infância, AdolescĂȘncia e FamĂ­lia da Câmara dos Deputados.

"No Inca estamos muito preocupados com alguns projetos de lei que tĂȘm sido apresentados a esta Casa e também ao Senado Federal propondo a liberação desses produtos no mercado brasileiro", disse Mendes.

Atualmente, tramita no Senado Federal o Projeto de Lei 5008/23, da senadora Soraya Thronicke (Pode-MS), que regulamenta a produção e a comercialização desses produtos.

Se esse texto for aprovado, a resolução da AgĂȘncia Nacional de Vigilância SanitĂĄria (Anvisa) que proibiu em 2009 os cigarros eletrônicos deixaria de valer. A agĂȘncia considera que esses cigarros, também chamados de vapes, são nocivos à saĂșde e causam dependĂȘncia em seus usuĂĄrios. Em 2024, uma nova decisão manteve a proibição.

Jovens
O representante do Inca disse que a proibição da Anvisa ajudou a conter a explosão do uso entre jovens e adolescentes no PaĂ­s. Segundo ele, em paĂ­ses como Inglaterra, CanadĂĄ e Estados Unidos o consumo na população de 18 a 24 anos e entre jovens de 16 a 19 anos estĂĄ em torno de 6%.

No Brasil, os dados do Ministério da SaĂșde indicam o consumo de vapes só entre 1% dos jovens. "A decisão da Anvisa foi extremamente acertada ao proibir o uso desses produtos e a liberação da sua comercialização no PaĂ­s", reforçou Felipe Mendes.

O deputado Allan GarcĂȘs (PP-MA), que solicitou a audiĂȘncia, também se posicionou contrĂĄrio à legalização dos cigarros digitais. "Estamos conscientes do prejuĂ­zo que os cigarros eletrônicos trazem para a saĂșde e do compromisso de trabalhar por mais leis para coibir qualquer dano à saĂșde", reforçou.

Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados AudiĂȘncia PĂșblica - Debate sobre os prejuĂ­zos decorrentes do uso de cigarros eletrônicos por crianças e adolescentes. Coordenadora da Comissão CientĂ­fica de Tabagismo - Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Maria Enedina Claudino Aquino Scuarcialupi A pneumologista Maria Enedina criticou o marketing sedutor dos cigarros digitais nas redes sociais

DependĂȘncia
Ricardo Meireles, da Associação Médica Brasileira, falou do efeito viciante e do uso precoce dos vapes por adolescentes. Os fumantes de cigarro digital, sobretudo os adolescentes, disse ele, são os mais afetados pela dependĂȘncia da nicotina, por estarem em uma etapa de amplo desenvolvimento das funções cognitivas.

Segundo ele, a dependĂȘncia nessa etapa da vida prejudica o engajamento do jovem em atividades de aprendizagem, pois a nicotina modifica o funcionamento cerebral aumentando a ansiedade e os déficits de memória e de atenção. "Essas alterações introduzidas pela nicotinas podem ser permanentes", frisou.

JĂĄ a representante da Sociedade Brasileira de Pneumologia, Maria Enedina Claudino Aquino Scuarcialupi, criticou o marketing sedutor dos cigarros digitais nas redes sociais com o objetivo de atrair a Geração Z, pessoas nascidas entre 1995 e 2010.

Ela destacou o uso de saborizantes, como maçã e mentol, para mascarar o sabor do tabaco e causar a impressão de que o cigarro eletrônico é menos prejudicial do que o tradicional. "A própria substância quĂ­mica 'sabor maçã verde' provoca lesões cerebrais, o mentol provoca lesão cerebral e maior dependĂȘncia", disse.

Custos
Felipe Lacerda Mendes, do Inca, aproveitou para refutar a tese das empresas de tabaco de que a legalização desse mercado permitiria maior arrecadação, uma vez que seria possĂ­vel controlar de forma mais eficiente o contrabando.

Segundo ele, a arrecadação de impostos sobre a venda de cigarros no PaĂ­s (R$ 8 bilhões em impostos federais em 2022) abrange apenas 5,2% das perdas geradas pelo tabagismo.

Entre essas perdas, por exemplo, estĂĄ o impacto no orçamento pĂșblico do tratamento das doenças relacionadas ao tabagismo e das pensões por morte prematura. "Isso gera um custo para o nosso PaĂ­s em torno de R$ 153 bilhões ao ano", disse.

Fonte: AgĂȘncia Câmara NotĂ­cias

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