A passeata teve inĂcio por volta das 17h30 na portaria principal da universidade, no bairro do Butantã, na zona oeste da capital, e teve como destino o Largo da Batata, em Pinheiros.
"Os cursos tĂȘm demandas especĂficas de nĂșmeros professores que faltam. Por exemplo, na [Faculdade de] Letras é um absurdo, a gente precisa de quase cem professores para repor as perdas dos Ășltimos anos", disse a estudante de letras, Mandi Coelho, membro do centro acadĂȘmico da faculdade.Os alunos pedem também aumento nos valores do programa de Apoio à PermanĂȘncia e Formação Estudantil (PAPFE), que paga de R$ 300 a R$ 800 aos alunos. Eles reivindicam ainda a reativação do gatilho automĂĄtico para reposição de professores.
"O mecanismo repunha a contratação quando acontecia falecimento ou aposentadoria [dos professores]. Esse sistema não existe mais. Então nós vamos gradualmente perdendo professores", ressaltou a estudante.
A Faculdade de Filosofia, Letras, CiĂȘncias Humanas e História (FFLCH) da USP, uma das mais afetadas pela falta de professores, informou que, em abril de 2022, recebeu 57 cargos da atual reitoria para reposição das perdas de docentes ocorridas de 2014 a 2021.
Segundo a faculdade, as vagas serão preenchidas em trĂȘs blocos, em 2023, 2024 e 2025. "Os concursos de 2023 estão sendo realizados de acordo com a agenda definida pela AssistĂȘncia AcadĂȘmica e pelos departamentos. No dia 30/8/2023, as vagas de 2024 e 2025 foram antecipadas para a realização dos concursos em 2024", disse em nota.
Segundo a Associação de Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp), a universidade, que contava com cerca de 6 mil professores em 2014, agora, em 2023, tem cerca de 4,9 mil, segundo levantamento da entidade.
"Isso obviamente gera sobrecarga de trabalho, compromete a formação dos estudantes, com falta de oferecimento de disciplinas. Os alunos não estão conseguindo se matricular nas disciplinas obrigatórias porque não tem vagas, tem turmas que com mais de cem estudantes, inclusive com gente sentando no chão", destaca a presidenta da Adusp, a professora Michele Schultz.
Segundo ela, as cerca de 800 contratações de professores anunciadas pela reitoria não suprem a necessidade da instituição. "Continua havendo perdas, as pessoas continuam morrendo, se aposentando, sendo desligadas por exoneração ou outro motivo. Desde janeiro de 2022, segundo o nosso levantamento, 305 professores deixaram a universidade".
A reitoria da USP foi procurada hoje mas ainda não respondeu. Na Ășltima quinta-feira (21), quando os alunos decidiram, em assembleia, entrar em greve, a universidade informou que, em 2022, disponibilizou 879 vagas para a contratação de professores.
Em relação à permanĂȘncia estudantil, a USP disse que, em 2023, mudou sua polĂtica de auxĂlio. Segundo a reitoria, os investimentos na ĂĄrea tiveram aumento de 58%: o valor do auxĂlio aumentou de R$ 500 para R$ 800, sendo que os beneficiados com vaga no Conjunto Residencial da USP (Crusp) passaram a receber auxĂlio adicional de R$ 300.
"Além disso, os auxĂlios tĂȘm vigĂȘncia durante todo o curso e todos os alunos tĂȘm direito à gratuidade nos restaurantes universitĂĄrios. Por fim, foram concedidos, pela primeira vez, auxĂlios também para discentes de pós-graduação. A USP distribuiu, neste ano, 15 mil auxĂlios", informou a reitoria.
Fonte: AgĂȘncia Brasil