Com isso, o perĂodo de inverno, quando historicamente hĂĄ menos infecção pelo vĂrus da dengue, deverĂĄ passar a ter dias mais quentes, o que ampliarĂĄ a janela de temperatura ótima para a infestação pelo mosquito Aedes e, consequentemente, o potencial para novos casos da doença nessa estação.
O aumento da temperatura no estado também poderĂĄ expandir a ocorrĂȘncia do mosquito em locais do território fluminense onde hoje é limitada por causa do frio, como a região serrana, o sul fluminense e o noroeste do estado.
"Provavelmente, até 2070, vai ser ampliada a população do estado exposta à dengue. Eu não posso falar que vai ter um aumento no nĂșmero de infecções ou um aumento no nĂșmero de mortes. O que posso dizer é que são desenvolvidas condições ambientais adequadas para um aumento da população do mosquito. Como aumenta o vetor, tem uma maior difusão do vĂrus e uma maior exposição da população ao vĂrus", afirmou.
A publicação do estudo, em 2021, não encerrou a pesquisa, que continua coletando dados climĂĄticos e sua relação com a ocorrĂȘncia do Aedes aegypti. O professor Oscar JĂșnior coordena uma rede de estações que fazem monitoramento meteorológico e possuem ovitrampas (armadilhas para mosquitos).
A rede de monitoramento hoje funciona em cerca de dez estações no Grande Rio e nas regiões sul, serrana e dos Lagos. A meta é expandi-la para outras regiões do estado. Além de contribuir para o entendimento entre a relação do mosquito com o clima, o sistema poderĂĄ ser usado para alertar autoridades sanitĂĄrias sobre riscos de infestação de Aedes aegypti, através de relatórios periódicos.
"Através dessa rede de monitoramento, a gente quer criar um sistema de alerta para que a gente possa diuturnamente, semanalmente avaliar o risco de desenvolvimento do Aedes aegypti e, portanto, de infecção", explica Oscar JĂșnior. "A gente acredita que esse sistema de alerta vai ser um produto Ăștil e prĂĄtico pra fornecer informações semanalmente para que sejam tomadas decisões e possam atuar em relação ao risco de um aumento do nĂșmero de casos de dengue".
A ideia é começar a emitir relatórios semanais, a partir dos dados coletados na rede de monitoramento, jĂĄ no próximo semestre.
Segundo Oscar JĂșnior, independentemente da imunização da população contra a dengue, que deve começar neste mĂȘs em algumas cidades brasileiras, o monitoramento do mosquito continua sendo importante, não só por causa da dengue, mas também devido a outras arboviroses transmitidas pelo Aedes, como a zika, a chikungunya e a febre amarela.
Fonte: AgĂȘncia Brasil